Pesquisadores identificam Aquífero em São Gabriel do Oeste e propõem reconhecimento como nova reserva de água subterrânea em MS
10/10/2025 17:32

Por: Redação Veja Folha / Campo Grande News | São Gabriel do Oeste
Pesquisadores da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) identificaram uma nova unidade hidrogeológica na região centro-norte do Estado, batizada de Aquífero São Gabriel do Oeste (ASGO). O sistema foi apresentado durante o XVII Simpósio de Geologia do Centro-Oeste, realizado em Brasília, no fim de setembro.
O estudo revela que o município de São Gabriel do Oeste possui uma grande reserva subterrânea de água, com características distintas dos aquíferos Guarani e Bauru, até então os principais reconhecidos em Mato Grosso do Sul. O sistema representa 36% da área total do município de São Gabriel do Oeste.
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“Os estudos demonstram que o ASGO atende a todos os parâmetros técnicos do Imasul (Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul) para ser reconhecido como uma unidade independente”, explicou o geólogo Giancarlo Lastoria, doutor em Geociências e professor titular aposentado da UFMS.
O reconhecimento formal do Aquífero São Gabriel do Oeste será apresentado à Frente Parlamentar de Recursos Hídricos da Assembleia Legislativa, no dia 23 de outubro, às 14h. A proposta é incluir o tema na pauta do Conselho Estadual de Recursos Hídricos e subsidiar a atualização do Plano Estadual de Recursos Hídricos, vigente desde 2010.
O projeto é liderado pelos geólogos Giancarlo Lastoria e Sandra Gabas, com apoio dos pesquisadores Odirlei Newman e Juliana Casadei, do Programa de Pós-Graduação em Tecnologias Ambientais da UFMS.
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Com uma área estimada em 1.400 km², o ASGO se estende principalmente por São Gabriel do Oeste, alcançando também Bandeirantes e Rio Negro. Trata-se de um aquífero livre, com alta taxa de infiltração e recarga rápida.
A análise da água mostrou condutividade elétrica de cerca de 5 μS/cm, valor próximo ao da água da chuva, o que indica excelente pureza. Poços tubulares rurais perfurados na região produzem, em média, 15 m³/h, tornando o aquífero a principal fonte de abastecimento para propriedades rurais e pequenas agroindústrias.
Por ser altamente poroso, o ASGO apresenta vulnerabilidade à contaminação. A região abriga atividades agrícolas e de suinocultura e avicultura, que podem comprometer a qualidade da água.
Pesquisas anteriores do LASAC/UFMS (Laboratório de Águas Subterrâneas e Áreas Contaminadas) já identificaram traços de metais pesados, como arsênio, selênio e chumbo, em amostras locais.
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Os pesquisadores defendem que o reconhecimento oficial do ASGO é essencial para a criação de planos de monitoramento e uso sustentável.
Com base na média anual de chuvas da região (1.635 mm), o estudo estima que o ASGO possua reserva renovável de 458 milhões de m³ de água por ano.
Pelas regras do Imasul, apenas 20% desse volume pode ser utilizado, o que reforça a importância da gestão responsável dos recursos subterrâneos.
Atualmente, o ASGO está incluído no sistema do Aquífero Guarani, mas sua individualização permitirá ao Estado ampliar o mapeamento e a segurança hídrica regional.
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“O reconhecimento do Aquífero São Gabriel do Oeste reforça o conhecimento científico sobre nossos recursos subterrâneos e contribui diretamente para o manejo sustentável da água e para novas políticas públicas”, destacou Lastoria.
A descoberta do ASGO é resultado de mais de 10 anos de estudos conduzidos pela UFMS, envolvendo análises de 60 poços, testes de infiltração, avaliações químicas e modelagens geológicas.
Os levantamentos originaram duas teses de doutorado, quatro dissertações de mestrado e diversos trabalhos acadêmicos.
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